O suicídio é um assunto extremamente delicado e ainda tratado como tabu por muitas pessoas, mas o fato é que ele representa a perda de muitas vidas todos os anos. Por conta da necessidade da discussão do assunto e da prevenção de mortes, acontece em todo o Brasil a campanha Setembro Amarelo – mês em que está inserido o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10 de setembro). A campanha foi criada em 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM).
Em Barra Mansa, nos dias 22 e 27 de setembro, o Programa de Saúde Mental, da Secretaria Municipal de Saúde, vai realizar, na Fazenda da Posse, no Barbará, um encontro com palestras, rodas de conversa, exibição de documentário e debates com profissionais da rede municipal de saúde.
Além das atividades com profissionais da Saúde, os profissionais dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) vão desenvolver palestras e rodas de conversas com profissionais da Educação e outros setores afins da rede de cuidados.
Os profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) de Barra Mansa escolheram o girassol como símbolo da campanha no município. O NASF desenvolve durante todo o mês roda de conversas nos PSFs sobre o tema e, na segunda metade do mês, o encontro vai acontecer em uma unidade central de PSF de cada distrito sanitário. Com atividades sobre prevenção ao suicídio, incluindo grupos terapêuticos, oficinas e exibição de documentário, as reuniões serão realizadas a partir das 8h nos seguintes locais: USF Pró Saúde (20/9), USF Ano Bom (21/9) e USF Siderlândia (22/9).
A coordenadora do Programa de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas de Barra Mansa, a psicóloga Maria Elvira da Cunha Franco Dias, destaca que um dos principais intuitos da campanha é informar às pessoas que “o suicídio não é um ato de coragem ou covardia, mas sim um ato que escancara a angústia, a dor psíquica, que é inerente ao homem, mas que quando falada, tratada pode ser apaziguada e transformada em atos produtivos e atitudes de qualidade de vida”.
De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, além dos episódios subnotificados, estimando-se, assim, mais de 1 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, cerca de 38 pessoas cometem suicídio por dia.
Segundo a mesma fonte, o suicídio acontece em qualquer idade, porém existe uma prevalência maior em adolescentes, jovens adultos e idosos. Estudos apontam que estes grupos possuem uma impulsividade que os levam a se colocarem mais em situações de risco (como uso de drogas), associados a falta de perspectiva psicossocial e laborativa.
Maria Elvira conta que mesmo o suicídio estando entre as principais causas de morte entre jovens, inclusive com aumento de casos a cada ano, ainda existe uma expressiva barreira para falar sobre o problema. Segundo a psicóloga, nos últimos três anos houve um aumento em torno de 30% de casos atendidos por sintomas de ideias suicidas na rede municipal.
Ela ressaltou que é importante o assunto ser discutido em todas as esferas da sociedade, incluindo família, unidades de saúde, escolas e até nas instituições de trabalho, uma vez que é nas relações sociais que o problema pode ser identificado, ajudado e encaminhado para tratamento.
“Entende-se que o indivíduo que possui ideias suicidas e chega ao ato em si não está pensando ou desejando a morte, o que ele deseja de fato é diminuir, extinguir ou fugir de sua dor psíquica, fugir daquela angústia insuportável. Assim, o suicídio está associado a transtornos mentais, com sintomas de ansiedade e/ou angústia exacerbada. O preconceito a respeito dos transtornos mentais, infelizmente ainda impede as pessoas de buscarem ajuda”, enfatizou Maria Elvira.
ATENDIMENTO
Em Barra Mansa, as pessoas que enfrentam problemas emocionais e mentais podem contar com atendimento nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Saúde da Família e Policlínicas. Já nos casos de tentativa com emergências clínicas eles podem contar com a UPA ou a Santa Casa, ambos no Centro.