Comitiva formada no encontro de ontem se reunirá nesta quarta com secretário estadual de Transporte; Presidente Jair Bolsonaro, após contato telefônico com prefeito, descartou a instalação do pedágio no município
O prefeito de Barra Mansa, Rodrigo Drable, se reuniu no fim da tarde desta terça-feira, 21, no Parque Natural de Saudade, com representantes de diversos municípios da região para discutir e alinhar questões relacionadas à nova concessão da Rodovia Presidente Dutra, que terá o atual contrato encerrado em fevereiro de 2021. Também organizaram uma comitiva a fim de propor a formação de argumentos a serem tratados em reunião com o secretário estadual de Transportes, Delmo Pinho, que acontecerá na tarde desta quarta-feira (22), na Associação Comercial do Rio Janeiro.
Drable relembrou que durante a audiência pública, na semana passada, representantes dos municípios que participaram do evento tiveram a oportunidade de fazer a defesa de suas áreas de interesse e o secretário de estado faria os conceitos gerais da concessão. “Na minha concepção, a audiência beirou o desrespeito, pois as informações foram passadas de forma mais genérica possível. Foi nos apresentado a publicação dos trechos sem qualquer tipo de projeto ou custo. Em relação ao Imposto Sobre Serviço (ISS), Barra Mansa recebe em torno de R$ 7 milhões da Nova Dutra. A Rio-Santos não tem a mesma frequência que temos e nós teríamos que dividir com eles. Não faz sentido”, disse.
O prefeito ainda explicou que para ser feita de forma correta, a concessão precisa de três importantes elementos. “Uma concessão precisa de três elementos fundamentais para elaborar os valores: a outorga, a tarifa e os investimentos. Quanto maior a outorga, menor o investimento e maior a tarifa. Se eu quero uma tarifa baixa, a outorga deverá ser baixa. Porém o que temos hoje na Dutra é um valor altíssimo”, pontuou, acrescentando sobre seu discurso durante a audiência.
– Quando tive oportunidade de fala, fiz um discurso até um pouco ríspido, pois me senti ofendido. A apresentação da forma que foi feita foi ofensiva. Eles mostraram a coisa pronta, ou seja, a gente paga a conta, não levamos os resultados e o que antes era enganado, agora é escancarado. Decidi ir embora – completou Rodrigo.
O coordenador do eixo Mobilidade do Grupo Líder, Péricles Aguiar, enfatizou que os maiores investimentos devem vir para a parte da estrada que fica no estado do Rio de Janeiro. “Temos uma equipe de trabalho que está analisando a questão do pedágio. Temos que fazer um trabalho para que o investimento venha para a região e não somente para o estado de São Paulo, que está sendo contemplada com um longo trecho nesta nova proposta apresentada”.
O prefeito de Rio Claro, José Osmar, falou sobre o importante impacto da união dos municípios para evitar o pedágio e solicitar reivindicações. “Assim como o Rodrigo, eu também participei da audiência no Rio de Janeiro. É extremamente importante que todos os prefeitos da região estejam unidos na luta em favor da região, pois, se nós ficarmos parados, todos sairemos perdendo no futuro. Rio Claro está junto nessa luta, trabalhando nas discussões em benefício de nossa região”, afirmou o prefeito.
O ex-deputado estadual e atual secretário de governo da prefeitura de Volta Redonda, Nelson Gonçalves, enfatizou a importância dos debates e também se manifestou contra a implantação de um pedágio em Barra Mansa, que segundo ele, vai dividir os polos metalmecânico e automotivo, além de dificultar a integração do turismo e educação. “Nossa região é interligada por indústrias, escolas, universidades e empresas, que juntas, garantem o desenvolvimento da nossa economia. Por isso, não podemos permitir um pedágio em Barra Mansa”.
O empresário do ramo de transportes, Vivaldo Moreira, demonstrou sua preocupação com os caminhoneiros. “O que toca a economia do país, principalmente aqui na região, são os caminhoneiros. O Brasil parou em 2018, pedindo melhores condições de frete da classe. Hoje o caminhão que sai de Resende e que vem para a CSN carregado não paga pedágio. Quem sai de Barra Mansa carregado e vai para Resende, para a ArcelorMittal, também não paga. Será que essas melhores condições no preço do frete do caminhoneiro serão reduzidas de novo? Pois se acontecer novamente, há a possibilidade de o Brasil parar. Eu sei o que é o problema de caminhão parado no país e este movimento começou aqui em Barra Mansa, ou seja, não tem como ter um pedágio em Floriano”, ressaltou.
Presidente Jair Bolsonaro descarta hipótese de instalação de pedágio em Barra Mansa
Já à noite, em sua rede social, o Presidente da República Jair Bolsonaro descartou a hipótese da instalação do pedágio em Barra Mansa. “O modelo apresentado nas audiências públicas da Nova Dutra é preliminar. Não representa a modelagem definitiva que, diante das contribuições apresentadas, não terá pedágio em Guarulhos e nem em Barra Mansa. Também não está certo que a Rodovia Rio-Santos integrará a concessão. Por ocasião da renovação da concessão da Rodovia, que vence em 2021, nosso governo proporá não só a diminuição do valor do pedágio, bem como não permitirá a construção de novas praças para a sua cobrança”, publicou Bolsonaro.