Chefe do Executivo diz que praça de pedágio em Barra Mansa cria mais uma dificuldade as empresas instaladas no Sul Fluminense
O prefeito de Barra Mansa, Rodrigo Drable, tem acompanhado atentamente as reuniões e audiências públicas promovidas pelo Governo Federal, por meio da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), visando debater a renovação da concessão da Rodovia Presidente Dutra.
Na tarde desta quarta-feira, 15, quando os detalhes da proposta da nova concessão do sistema rodoviário entre o Rio e São Paulo foram discutidos na capital, Rodrigo Drable ponderou que as propostas apresentadas desfavorecem o nosso Estado e a Região Sul Fluminense.
– Em 1994, desci a Serra das Araras na companhia do meu pai e ele dizia das expectativas das obras de duplicação da estrada naquele trecho. Passados quase 26 anos da concessão da Via Dutra, esse mesmo sonho continua sendo vendido. A ideia é que daqui a três anos a gente possa ter essa realização. Eu não consigo entender esse projeto que divide a Dutra para que possam ocorrer investimentos na BR 101. Nós vamos pegar o faturamento da Dutra para investir na Rio-Santos? Vai ser uma ilusão semelhante ao que ocorreu em 94. Mangaratiba e Angra dos Reis vão ficar sonhando com isso? – questionou o prefeito.
Durante o seu discurso, Rodrigo ainda elencou outros problemas. “A Nova Dutra não respeita a história do local. Barra Mansa é uma cidade de 187 anos com comunidades consolidadas. Com sete retornos autorizados e três oficiosos, esses três vivem correndo o risco de fechamento, a comunidade vive a expectativa negativa de fechamento e nós vamos trabalhar para que isso não seja feito
Outro problema citado pelo prefeito se refere aos acidentados na rodovia. “Eu recebo o dia inteiro na Santa Casa vítimas de acidentes na Via Dutra. Nunca me perguntaram quanto custam esses pacientes ou ainda qual o valor para manter o Pronto Socorro e o Serviço de Imagem. Este projeto é um atentado ao cidadão”.
PRAÇA DE PEDÁGIO – Para o chefe do Executivo, a instalação de uma praça de pedágio em Barra Mansa vai onerar ainda mais as operações de transportes de carga no Sul Fluminense. “Já sofremos com as inúmeras indústrias que deixaram a região para se instalarem em São Paulo. O projeto apresentado fortalecerá esse movimento de esvaziamento do Sul do Estado. Os problemas são muitos. Para se ter ideia, são 72 passarelas de pedestres. Nenhuma em Barra Mansa. Temos cidadãos que morrem atropelados toda hora no trecho da estrada que corta o município. Me pergunto porque a outorga da atual concessão não é utilizada para investimentos nos hospitais, melhoria do CTI, Pronto Socorro e aumento no número de leitos para atender essas vítimas? Penso que esse projeto está todo errado; que deve haver uma manifestação de toda a sociedade contra essa fragmentação proposta. É preciso ter um estudo sério sobre os motivos para que o projeto esteja sendo feito dessa forma. E com relação ao pedágio no município, qual o resultado positivo para a sociedade? Essas informações precisam estar claras”.
Presente a audiência, o vereador Wellington Pires disse estar indignado com a proposta. “Um dos pontos que mais me chamou a atenção foi a mudança da praça de pedágio de Itatiaia para Barra Mansa, na altura do distrito de Floriano. Essa pretensão, segrega os moradores da localidade do distrito sede. Nos próximos dias, vou organizar um abaixo-assinado para entregar a bancada do Rio de Janeiro na Câmara Federal e aos deputados estaduais, inclusive ao represente da nossa cidade, o deputado Marcelo Cabeleireiro, visando impedir essa medida”.
O presidente da Aciap-BM (associação Comercial, Industrial, Agropastoril e Prestadora de Serviços, Bruno Paciello, disse que a entidade também é contrária ao novo projeto de concessão da Rodovia Presidente Dutra. Ele afirmou que a EPL (Empresa de Planejamento e Logística) ignorou os pedidos feitos pelas entidades empresariais do Sul Fluminense com relação aos investimentos no trecho da rodovia que corta a região.
– Em outubro passado, estivemos em Brasília e entregamos ao diretor-presidente da EPL um estudo feito pelo grupo Líder com várias demandas relacionadas à nossa região, entre elas a duplicação imediata do trecho de descida da Serra das Araras, a não instalação de novas praças de pedágio e a construção de acessos a áreas que podem receber novos empreendimentos às margens da rodovia. Nenhuma dessas demandas foi contemplada no novo projeto de concessão. O que vimos na apresentação da ANTT foram investimentos prioritários no trecho paulista da estrada. O estado do Rio, em especial a região Sul Fluminense, ficaram em segundo plano – disse Paciello.
Entre os pontos de maior discordância da Aciap-BM está a implementação de uma nova praça de pedágio em Barra Mansa, próxima à Pedreira Pombal. “Além de separar a sede do município do distrito de Floriano, a instalação de mais uma praça de pedágio vai gerar desemprego na região. Milhares de moradores de Barra Mansa e Volta Redonda trabalham no polo automotivo de Resende e em Itatiaia. O custo do transporte vai subir muito, inviabilizando a contratação desses moradores. Também defendemos a construção de acessos a áreas que podem receber novos empreendimentos às margens da rodovia, como a Zona Especial de Negócios de Barra Mansa, que aguarda a liberação e investimentos na obra de acesso ao local”, defendeu Paciello.
A terceira e última audiência pública está agendada para sexta-feira, dia 17, às 14h30, no Hotel Transamérica Internacional Plaza, em São Paulo. Porém, as contribuições da consulta pública podem ser enviadas até 03 de fevereiro, pelo site http://www.antt.gov.br – Participação Social – Audiência Pública nº 018/2019.
O novo edital de concessão prevê contrato de 30 anos e investimentos de R$ 17 bilhões pela futura concessionária. O contrato atual com a Concessionária expira em 29 de fevereiro de 2021. A previsão da ANTT é de que a licitação do edital do leilão seja realizada no segundo semestre de 2020, após a apreciação e aprovação dos estudos do projeto da concessão pelo Tribunal de Contas da União.