Integrantes da Fiocruz passaram quatro meses na cidade fazendo pesquisas; município foi escolhido devido à eficácia no diagnóstico e levantamento da doença em cães
Devido à eficácia no diagnóstico e levantamento da leishmaniose em cães no estado do Rio de Janeiro, integrantes da Fiocruz passaram quatro meses em Barra Mansa realizando pesquisas em relação à baixa incidência da doença no município. De acordo com o coordenador de Vigilância em Saúde Ambiental da cidade, Antônio Marcos Rodrigues, o município tem um serviço bem avançado e reconhecido nacionalmente.
“Barra Mansa é destaque na região Sudeste. Estamos no top de diagnóstico de LVC (leishmaniose canina). A doença pode ser registrada em gatos também, mas os casos são mais raros nestes animais. Para seguir com baixa incidência, é essencial que os moradores, principalmente os que residem próximos às áreas rurais, mantenham os quintais limpos. A doença não é transmitida diretamente de animal para animal ou de humano para humano, mas sim através de um vetor – inseto alado conhecido como mosquito-palha, que se reproduz na matéria orgânica, como restos de frutas, comidas, folhas em decomposição… Por isso, é importante sempre manter a limpeza em dia”, destaca Antônio Marcos.
Os mosquitos-palha, que na verdade são insetos flebotomíneos, geralmente são encontrados em áreas de matas, mas com a destruição de seu habitat natural, eles podem ir migrando para as áreas urbanas.
“Os cães devem usar coleiras com inseticidas que repelem o inseto. Elas são fáceis de achar no mercado e, geralmente, duram três meses. É importante que os tutores adotem essas medidas, pois a leishmaniose visceral não tem cura para os animais. Há apenas tratamentos paliativos, que melhoram as condições de vida deles. Existe uma vacina na rede privada, em três doses, que custa cerca de R$ 300 cada, mas sua eficácia é de 70%. A prevenção e os cuidados básicos são muito importantes”, destaca o coordenador de Vigilância Ambiental; ressaltando que para os humanos há tratamento, longo, mas ele se recupera sem problemas.
TRATAMENTO EM HUMANOS
De acordo com a gerente de Vigilância em Saúde de Barra Mansa, Juliana de Souza Machado Ferreira, os dados fornecidos pelo setor epidemiológico do município, lançados no SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), apontam que há apenas um caso positivo de leishmaniose visceral humana no município este ano.
“Quando há suspeita de leishmaniose, encaminhamos o paciente para o médico do posto. O caso também é comunicado à Vigilância Ambiental, que investiga e examina o local onde a pessoa reside. Esse paciente também recebe atendimento com um dermatologista, que dá o diagnóstico da doença ou a descarta. Se o resultado for positivo, ele é encaminhado para a Fiocruz, no Rio de Janeiro, onde recebe tratamento. Em 2021 apenas um caso em ser humano foi registrado em Barra Mansa e o paciente já está em tratamento”, explica Juliana.
OCORRÊNCIA EM ANIMAIS
Uma vez dado positivo para a doença no animal, seu tutor tem a autonomia de enviá-lo ou não para eutanásia. “A eutanásia não é mais obrigatória, mas isso aumenta a responsabilidade do tutor, que deve providenciar coleira com inseticida para o animal e reforçar a limpeza, higienização, do quintal. Podemos encaminhar até dois animais por semana à Fiocruz, que realiza o procedimento de forma gratuita, ou o tutor pode procurar pela eutanásia com um veterinário particular”, acrescenta Antônio Marcos.
SINTOMAS
Os sintomas da leishmaniose em cães são: crescimento exagerado das unhas, que ficam espessas e com aspecto de garras. Os coxins (almofadinhas das patas) também ficam mais ásperos e rugosos. Queda de pelos e descamação da pele; nódulos e caroços pelo corpo, que seriam inflamação dos gânglios linfáticos (conhecidas como “ínguas”); emagrecimento; feridas na pele, nas orelhas e focinho que parecem nunca curar; perda de apetite, diarreia e vômito; sangue nas fezes; febre; perda dos movimentos das patas traseiras, dentre outros.
Já em humanos são: febre de longa duração, aumento do fígado e do baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular e anemia.
FOTOS: Paulo Dimas